A maioria dos 45.918 profissionais de saúde de Rondônia foi imunizada contra covid-19 com duas doses de CoronaVac. A vacina foi a primeira a chegar ao Estado, em janeiro de 2021, no primeiro lote distribuído pelo Ministério da Saúde. O Governo de Rondônia, por meio da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) reforça que a imunização destes profissionais, que continuam atuando na linha de frente de combate ao coronavírus nas unidades de saúde dos 52 municípios, é o maior exemplo de que todas as vacinas são eficazes.
Os hospitais são apontados como locais de alto risco de transmissão por serem os primeiros lugares procurados pelas pessoas com suspeita da doença para testes e tratamento. Por isso, é importante lembrar que os bons resultados imunológicos, com a criação de anticorpos no organismo destes profissionais, após completar o ciclo de vacinação é, segundo a gerente técnica de Epidemiologia da Agevisa, Arlete Baldez, que todas as vacinas são eficazes e importantes “armas” na luta contra o coronavírus.
“A melhor vacina é aquela aplicada no nosso braço”, enfatiza Arlete Baldez.
Tainara Macedo diz que tomaria qualquer vacina
Os registros de casos entre os profissionais de saúde que receberam duas doses da CoronaVac são esporádicos. Todas as vacinas são autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa), após análise dos protocolos enviados pelos fabricantes, com base nos estudos e testes nas três fases de experimentos científicos em vários países, inclusive no Brasil. “Não há, portanto, motivos e nem razões para a pessoa ficar escolhendo qual marca de vacina tomar”, diz a gerente de epidemiologia.
A bacharel em direito Tainara Macedo tomou a primeira dose da Pfeizer durante a campanha do Sindicato dos Trabalhadores da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Sentiu alguns sintomas como dor de cabeça, musculares e conta que, na fila para vacinar, ouviu várias pessoas tentando escolher a marca da vacina, dizendo que não gostariam de tomar a CoronaVac.
“Já eu tomaria qualquer uma, inclusive se fosse a CoronaVac teria tomado”, enfatizou Tainara, ao afirmar que está tranquila e confiante para tomar a segunda dose dia 8 de outubro.
Segundo a Agevisa, muito provavelmente, pela falta de mais informações e do relato de algumas reações já que foi a primeira vacina aplicada no Estado, a CoronaVac enfrenta rejeição, mas é tão confiável quanto a AstraZeneca, Pfizer e da Janssen.
Das quatro, somente a Janssen é dose única. Por isso há uma recomendação para que essa vacina seja reservada para uso das populações que se tem maior dificuldade de localizar para aplicar a segunda dose. Por exemplo, população de rua, populações que moram em áreas remotas, de difícil acesso e que terminam gerando maior custo por causa dos deslocamentos das equipes de vacinação.
MAIS VACINAS
Como a taxa de vacinação entre os maiores de 18 anos oscila entre 50% e 53% nos municípios de Rondônia, a Agevisa lançou uma campanha com vistas a ampliar os índices de imunização com a segunda dose a partir do significativo aumento de novos lotes de vacina enviados pelo Ministério da Saúde.
Rondônia passou a receber mais vacinas ao menos duas vezes por semana, às vezes até mais, do Ministério da Saúde. Este tem sido um dos fatores determinantes para redução dos indicadores de transmissão do vírus, internações hospitalares e até de óbitos.
De acordo com a Agevisa, até sexta-feira, dia 13 de agosto, Rondônia contabiliza o recebimento de 1.475.508 doses de vacinas, sendo CoronaVac: 500.908; AstraZeneca: 611.650; Pfizer: 327.600 e Janssen: 35.350..
O Núcleo de Imunização da Agevisa funciona praticamente 24 horas por dia, porque a determinação do Governo do Estado é para que a vacina seja imediatamente distribuída às Gerências Regionais de Saúde nos municípios, após verificação da medição de variação de temperatura informada no protocolo e se a quantidade recebida corresponde à declarada no despacho.
Em seguida, já começa a partilha com os municípios e, em menos de 24 horas, a vacina já está nas microrregiões sanitárias. Segundo Arlete Baldez, os municípios, por sua vez, estão sendo muito ágeis e em um dia recebem os avisos, às vezes do próprio Ministério da Saúde.
A população vacinável estimada no Estado é de 1,2 milhão. Foram vacinadas com a primeira dose 837.304 pessoas e 299.371 com a segunda dose. O custo dos imunizantes enviados a Rondônia pelo Ministério da Saúde é de R$ 41,9 milhões.
CAMPANHA DE ACELERAÇÃO
V da campanha simboliza a vitória contra o coronavirus
A campanha de conscientização da vacinação adota o “V”, cuja primeira “perninha” da letra representa a primeira dose e a outra a segunda. Já começa, de acordo com Arlete Baldez, com o V de vacina – tome a dose disponível na sala de vacina. O outro é o V de vida, que garante tomar as duas doses de vacina. “Garanta a sua vida tomando as duas doses de vacina”.
E, por fim, o V de vitória para vencer o coronavírus. “Se todos nós estivermos juntos nessa luta. Se todos nós abraçarmos essa onda de vacinação, chamando as pessoas para se vacinarem, mostrando a importância da vacinação com as duas doses, saíremos vitoriosos”, explica Arlete Baldez.
Um retrospecto dos números de vacinados com mais de 18 anos, mostra que Rondônia aplica 100% das doses recebidas e o resultado com a aplicação da primeira dose é altíssimo, 62,7%.
VÍRUS INTELIGENTE
A aceleração da vacina e a redução do espaço entre a primeira e segunda doses das marcas AstraZeneca e Pfizer – de 90 para 45 dias e de 90 para 60 dias, respectivamente – é a melhor estratégia, segundo o diretor-geral da Agevisa, Gilvander Gregório, para proteger a população contra a ameaça da variante Delta (indiana), que já está no Brasil e infectando pessoas em vários estados.
Essa nova variante do coronavírus tem a capacidade de se disfarçar e enganar o sistema imunológico, principalmente quando a pessoa tomou apenas a primeira dose da vacina. Se não estiver com o ciclo imunológico completo com as duas doses, a pessoa corre o risco de se infectar e desenvolver a forma grave da covid-19, fase na qual o paciente necessita ser hospitalizado, às vezes intubado e pode até ir a óbito.
Diante do risco da nova variante enganar o organismo humano, o Governo do Estado em conjunto com os municípios decidiu encurtar o espaço entre a primeira e segunda doses da AstraZenca, de 90 para 45 dias, e da Pfizer, de 90 para 60 dias, como forma da população ficar mais protegida contra a nova cepa.
Com o espaço muito longo, as pessoas terminavam esquecendo e perdendo o prazo para tomar a segunda dose. Este é um dos fatores responsáveis pelos índices de baixa cobertura com a segunda dose.
O Plano de Aceleração de Vacina tem o viés de incentivar também as pessoas que tomaram a primeira dose retornarem às unidades de atendimento para tomar a segunda dose e fazer esse equilíbrio, enquanto a Agevisa aguardada a liberação do Ministério da Saúde para vacinação dos menores de 18 anos.
A meta é imunizar toda a população vacinável de Rondônia (1,2 milhão de pessoas). “Já chegamos a mais gente vacinada do que o total da população vacinável. Mas há as crianças, os adolescentes que estão nas escolas que a gente quer atingir, após o Ministério da Saúde autorizar via Nota Técnica o início dessa vacinação com as doses enviadas ao Estado”, pontua Gregório.
Arlete Baldez lembra a importância do esforço de todos, inclusive o apoio da imprensa, para chamar a população para tomar a segunda dose, uma vez que foram traçadas estratégias como a redução do espaço entre a primeira e segunda doses da AstraZeneca e Pfizer. A CoronaVac tem um espaço menor – 2 a 4 semanas – e se tem usado 28 dias por questões operacionais.
“A pessoa não deve achar que, com apenas uma dose, fica protegida contra a covid-19. O esquema imunológico somente se completa com duas doses. Com apenas uma dose o sistema imunológico pode ser enganado pelo vírus”, alerta Baldez, e ainda afirma que a dúvida sobre a eficácia da vacina e a escolha da marca é um erro.
“Qualquer reação à vacinação é melhor do que contrair a doença”, diz alertando que nenhuma pessoa é capaz de saber se vai desenvolver a forma assintomática, mais leve, moderada ou grave e necessitar de UTI.
Os especialistas têm uma convicção: a proteção mais segura é vacinação, com observância das medidas não farmacológicas como uso de máscara, distanciamento social, uso de álcool em gel e lavar as mãos.
Como a vacinação só está liberada para os maiores de 18 anos, quem pode ajudar a proteger os adolescentes e as crianças são os adultos imunizados, porque a vacina confere proteção individual e coletiva, com grande chance de Rondônia atingir o nível de imunidade coletiva, ou imunidade de rebanho, quando se consegue vacinar 70% da população, ou mais, com as duas doses.
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