Uma forma de arte menos conhecida permitia à aristocracia britânica ignorar as normas sociais com brincadeiras e mensagens sugestivas ocultas em imagens aparentemente inocentes.
PORTO VELHO, RO - Procure pelo termo "colagem" e o website da Galeria Tate, em Londres, informará que esse método de cortar e colar para elaborar trabalhos novos foi "empregado pela primeira vez como técnica de arte no início do século 20".
Geralmente, Picasso e Georges Braque recebem o crédito da invenção da colagem, com a decisão de Picasso de colar tecido oleado na sua pintura Natureza-Morta com Cadeira de Palha, de 1912, considerada a obra que fez explodir a arte de vanguarda.
E, quando os artistas incluíram fotografias nessas obras de arte misturadas, os resultados foram particularmente engenhosos, subversivos ou totalmente desconcertantes - como nas fotomontagens da dadaísta Hannah Höch, do surrealista Max Ernst, dos artistas soviéticos revolucionários Alexander Rodchenko e Varvara Stepanova, de artistas pop britânicos como Richard Hamilton e Peter Blake e as colagens punk de Linder Sterling.
Até aqui, a jornada através das tendências artísticas do século 20 é coerente. Mas, e se essa inovação dos cubistas, dadaístas e surrealistas fosse, na verdade, antecipada... pelas mulheres da alta sociedade vitoriana?
Por volta de 1860, o Reino Unido foi invadido por uma moda de cartes de visite - pequenos cartões de visita fotográficos, mostrando retratos dos seus donos em poses diversas. A troca de cartões tornou-se obrigatória e até conhecidos ocasionais ficavam ansiosos para trocar imagens para seus álbuns de recortes.
Fazer fotocolagens em álbuns específicos - cortando e reutilizando os cartões de visita com cenários pintados com aquarela, para dar um efeito engraçado, surreal ou até sugestivo - tornou-se a atividade da moda para os membros da aristocracia britânica. Admirar os álbuns uns dos outros na sala de visitas era um passatempo popular depois do jantar.
Imagens como esta de E. P. Bouverie (cerca de 1875) foram inspiradas nas ilustrações de "Alice no País das Maravilhas"
Nas últimas décadas, a arte vitoriana da fotocolagem despertou crescente interesse entre os estudiosos da história da arte e da fotografia. Em 2009, foi publicado um livro - Playing with Pictures ("Brincando com as Imagens", em tradução livre), de Elizabeth Siegel - em uma exibição curada pela própria Siegel no Instituto de Arte de Chicago, nos Estados Unidos, e que depois viajou para o Museu Metropolitano de Arte de Nova York.
No Reino Unido, ainda não foi realizada nenhuma exibição sobre esse tema específico. Mas muitos desses álbuns ainda se escondem nas residências do interior da Grã-Bretanha, sem serem documentadas pelos historiadores da arte, e essa tendência fascinante segue sendo pouco conhecida pelo público em geral.
Existem muitas razões para isso e uma delas é o fato de que as pessoas - em sua maioria, mas não todas, mulheres - faziam fotocolagens para entreter o seu ambiente social e não para criar obras de arte para exibição em uma galeria. A fotocolagem era considerada uma realização, não uma arte refinada.
Álbum de cartões de visita era uma forma de ver e ser visto, como ir ao teatro, nesta imagem (1866-1871) de Georgiana Louisa Berkeley.
"Um [certo] grau de capacidade de desenhar ou pintar com aquarela, fazer trabalhos com tinta ou cortar papel eram coisas ensinadas para as jovens da classe média alta", afirma Patrizia di Bello, professora de história e teoria da fotografia da Universidade Birkbeck, em Londres. "Mas não havia onde praticar essas técnicas."
Como desenhar e pintar, a fotocolagem só podia permanecer como um hobby para essas mulheres, mas o tempo e esforço exibidos em alguns álbuns sugerem que a sua produção criativa era realmente considerável.
Por outro lado, ser considerado "bem sucedido" também era importante como uma técnica social e não artística: significava que você era um bom anfitrião ou convidado. Di Bello indica que, depois que a Rainha Vitória aboliu as danças e bailes na corte (para projetar uma imagem de gravidade e respeito), "as jovens que tinham álbuns - seja de aquarelas ou fotografias - eram elogiadas porque davam à corte algo para fazer. Era realmente uma moeda social."
Embora não haja boas fontes que detalhem o que as pessoas pensavam sobre álbuns de fotocolagem específicos, a sua função de entretenimento a ser compartilhado com os demais certamente é o que levava algumas pessoas a elaborar seus álbuns de forma, digamos, tão criativa. Muitos ofereciam pouco mais que o embelezamento das fotografias, mas alguns acabavam por ser espirituosos, surpreendentes e cheios de malícia.
As fotografias cortadas eram colocadas em salas de visitas ou paisagens pintadas, mas eram também dispostas de forma mais criativa como se as pessoas realizassem acrobacias circenses ou ficassem perdidas no mar, presas em ninhos de pássaros ou teias de aranha, ou ainda embaladas em frascos de picles para serem retiradas com garfos. Cabeças recortadas eram aplicadas sobre corpos de patos ou macacos, usadas por bobos da corte para malabarismos ou saíam pela fumaça de cachimbos. Elas são encantadoras, mas, às vezes, também estranhas.
Colagens podem oferecer visões surrealistas, como a Senhora Cavalgando em um Flamingo e a Menina Sentada sobre a Tartaruga, de Georgiana Louisa Berkeley (1866-1871)
Álbuns decorados de alguma forma são mais ou menos comuns", segundo Marta Weiss, curadora sênior de fotografia do Museu Victoria & Albert, de Londres. "Mas é muito mais raro encontrar álbuns com esse tipo de colagem mais criativo, excêntrico, surrealista."
Os álbuns mais imaginativos certamente foram elaborados para impressionar o observador com a criatividade ou o humor do seu autor. Muitos contêm jogos visuais, anedotas particulares e mensagens em código, o que fortalece nossa compreensão sobre a função social desses álbuns, como algo para fazer homens e mulheres rirem.
Di Bello sugere que eles fossem até uma forma de flerte - tanto pelas ilustrações nas suas páginas quanto por simplesmente fornecerem aos homens e mulheres uma desculpa para sentarem-se próximos uns dos outros, para folhear um álbum.
Instacolagem
A própria fotografia era ainda uma arte jovem quando esses álbuns entraram na moda. O aumento da produção em massa de fotografias de baixo custo gerou essa brincadeira de colecionar e mostrar aos demais.
"Os álbuns eram as redes sociais da época", segundo Di Bello. As coleções de cartões eram um sinal de status, como os pedidos de amizade no Facebook e o número de seguidores no Instagram, hoje em dia.
Mas era possível também comprar cartões de visita de pessoas famosas, incluindo a família real. Sua inclusão em um álbum poderia indicar que você os conhecia pessoalmente ou apenas pagou pela fotografia, o que acrescentava um nível de intriga e fofoca à diversão.
Outro resultado foi que apenas mostrar seus cartões de visita não era mais suficiente. A fotocolagem tornou-se então a maneira de transformar os cartões produzidos em massa (que qualquer pessoa podia simplesmente comprar em uma loja) em algo mais que especial.
Apenas as damas da sociedade teriam o tempo livre, o conhecimento de aquarela e os recursos necessários para elaborar esses álbuns. Os cartões de visita poderiam ser razoavelmente acessíveis, mas a diversão de cortá-los ainda teria parecido uma extravagância para todos - exceto para os mais ricos.
"À medida que a fotografia era cada vez mais produzida em escala industrial e disponível para todos, esta foi uma forma de 'desdemocratizá-la'", explica Weiss. "Eles pegavam algo produzido em massa e o personalizavam, mas isso também servia para tomar algo produzido a máquina e acrescentar trabalho manual."
Em imagens como esta de Marie Blanche Hennelle Fournier, o papel dos álbuns na exibição das conexões sociais é similar à função dos sites de redes sociais hoje em dia
As fotocolagens certamente eram um meio para que seus proprietários indicassem seu status na sociedade, realizações pessoais, engenhosidade e suas conexões sociais - não apenas literalmente, devido às pessoas exibidas nas fotos, mas também para mostrar como eles se sentiam capazes por poderem brincar com as imagens daquelas pessoas. E alguns álbuns são muito inteligentes, sedutores e sugestivos, subvertendo as noções de decoro da era vitoriana, segundo indica Di Bello.
Um dos seus exemplos favoritos é de um álbum de Lady Filmer, esposa do parlamentar britânico Sir Edmund Filmer. À primeira vista, tudo parece muito respeitável: uma cena na sala de visitas apresentando Lady Filmer com seu próprio álbum de fotocolagem (as colagens fazem referências próprias com muita frequência; o álbum de Frances Elizabeth Bree chega a incluir um álbum em miniatura nele colado, com páginas que podem ser viradas). Estão presentes o Príncipe de Gales, o marido e o irmão de Lady Filmer, enquanto os rostos cortados das suas irmãs transformaram-se em retratos nas paredes.
Esta cena aparentemente inocente na sala de visitas de Lady Filmer traz uma mensagem oculta
Mas o Príncipe de Gales era conhecido por ser namorador. Ele e Lady Filmer haviam trocado cartas um tanto sugestivas, com constante envio de fotografias (surpreendentemente, por meio de cartas trocadas entre o príncipe o próprio Sir Filmer - que audácia!).
"O Príncipe de Gales estava cortejando Lady Filmer, enviando fotos dele próprio quase todos os dias", afirma Di Bello. "E descobrimos que uma das filhas de Lady Filmer era conhecida na família como 'Queenie' [algo como 'Pequena Rainha', em português], devido aos rumores de que ela fosse, na verdade, filha do Príncipe de Gales..."
O conhecimento dessa fofoca infame altera inevitavelmente o significado da ilustração. Subitamente, fica óbvio que Lady Filmer está olhando para o príncipe, enquanto seu marido permanece alheio à situação.
Mas a imagem não é suficientemente explícita para causar qualquer problema. "Se eu fosse um mero conhecido, teria apenas a impressão de que o Príncipe de Gales é parte do seu círculo [social]", afirma Di Bello. "Mas, se eu fosse mais próximo, a fofoca me daria mais prazer - ou até ciúme - da ostentação da sua ligação."
Colagens como Picles Diversos (cerca de 1864) poderiam indicar duplo sentido
Colagens como Picles Diversos (cerca de 1864) poderiam indicar duplo sentido. (Crédito: Paul J. Getty Museum)
Di Bello também indica as implicações de uma fotocolagem de um pote de picles cheio de pessoas. Podemos não conhecer as relações exatas entre elas, mas Di Bello sugere que o rótulo do frasco - Picles Diversos - e a forma como homens e mulheres estão misturados significam que "essas pessoas se transformaram em conservas!"
O flerte era importante
O grau de habilidade em flertes parece ter sido algo admirado na era vitoriana, segundo Di Bello descobriu em suas pesquisas em livros de etiqueta, livros de jogos de salão e na ficção vitoriana.
"Um pouco de flerte era parte do lado engraçado das ocasiões sociais, mas não se esperava que fosse além disso. Sempre se pretendia [ter] um limite muito claro. Mas, em alguns círculos, talvez se entendesse que esses limites poderiam ser rompidos... Por isso, a ideia de fazer o convidado adivinhar se as cenas [ilustradas nas fotocolagens] estão ou não realmente acontecendo era parte da diversão!", explica Di Bello.
As fotocolagens podem ter fornecido uma forma de flerte razoavelmente segura para as mulheres. É uma arte lenta e trabalhosa e não pode haver nenhum equívoco de linguagem, nem momentos de indiscrição acidentais. As mulheres - que sempre pagam o preço de ir longe demais em um flerte - tinham um grau de controle e atuação para acrescentar apenas o toque certo de intriga às suas colagens.
Em imagens como "Quais são os Trunfos?" (autor desconhecido, 1898), os cartões de visita são redispostos de forma curiosa
Mas algumas colagens podem ser surpreendentemente explícitas. Outra ilustração de Lady Filmer mostra uma cena de caça à raposa. Ela é a raposa e todos os cães da matilha que a persegue têm cabeças de homens. Seu marido caminha a pé, em vez de cavalgar, tentando desesperadamente controlar os cães...
"Parece quase abertamente feminista", afirma Di Bello. "De um lado, ela está se exibindo para que os homens venham persegui-la. Mas, se eles a alcançarem, ela será devorada. É divertido, mas depois você percebe: 'meu Deus, na verdade isso é muito preocupante'. Ela é inteligente, mas está correndo alto risco."
A própria fotografia era ainda uma arte jovem quando esses álbuns entraram na moda. O aumento da produção em massa de fotografias de baixo custo gerou essa brincadeira de colecionar e mostrar aos demais.
"Os álbuns eram as redes sociais da época", segundo Di Bello. As coleções de cartões eram um sinal de status, como os pedidos de amizade no Facebook e o número de seguidores no Instagram, hoje em dia.
Mas era possível também comprar cartões de visita de pessoas famosas, incluindo a família real. Sua inclusão em um álbum poderia indicar que você os conhecia pessoalmente ou apenas pagou pela fotografia, o que acrescentava um nível de intriga e fofoca à diversão.
Outro resultado foi que apenas mostrar seus cartões de visita não era mais suficiente. A fotocolagem tornou-se então a maneira de transformar os cartões produzidos em massa (que qualquer pessoa podia simplesmente comprar em uma loja) em algo mais que especial.
Apenas as damas da sociedade teriam o tempo livre, o conhecimento de aquarela e os recursos necessários para elaborar esses álbuns. Os cartões de visita poderiam ser razoavelmente acessíveis, mas a diversão de cortá-los ainda teria parecido uma extravagância para todos - exceto para os mais ricos.
"À medida que a fotografia era cada vez mais produzida em escala industrial e disponível para todos, esta foi uma forma de 'desdemocratizá-la'", explica Weiss. "Eles pegavam algo produzido em massa e o personalizavam, mas isso também servia para tomar algo produzido a máquina e acrescentar trabalho manual."
Em imagens como esta de Marie Blanche Hennelle Fournier, o papel dos álbuns na exibição das conexões sociais é similar à função dos sites de redes sociais hoje em dia
As fotocolagens certamente eram um meio para que seus proprietários indicassem seu status na sociedade, realizações pessoais, engenhosidade e suas conexões sociais - não apenas literalmente, devido às pessoas exibidas nas fotos, mas também para mostrar como eles se sentiam capazes por poderem brincar com as imagens daquelas pessoas. E alguns álbuns são muito inteligentes, sedutores e sugestivos, subvertendo as noções de decoro da era vitoriana, segundo indica Di Bello.
Um dos seus exemplos favoritos é de um álbum de Lady Filmer, esposa do parlamentar britânico Sir Edmund Filmer. À primeira vista, tudo parece muito respeitável: uma cena na sala de visitas apresentando Lady Filmer com seu próprio álbum de fotocolagem (as colagens fazem referências próprias com muita frequência; o álbum de Frances Elizabeth Bree chega a incluir um álbum em miniatura nele colado, com páginas que podem ser viradas). Estão presentes o Príncipe de Gales, o marido e o irmão de Lady Filmer, enquanto os rostos cortados das suas irmãs transformaram-se em retratos nas paredes.
Esta cena aparentemente inocente na sala de visitas de Lady Filmer traz uma mensagem oculta
Mas o Príncipe de Gales era conhecido por ser namorador. Ele e Lady Filmer haviam trocado cartas um tanto sugestivas, com constante envio de fotografias (surpreendentemente, por meio de cartas trocadas entre o príncipe o próprio Sir Filmer - que audácia!).
"O Príncipe de Gales estava cortejando Lady Filmer, enviando fotos dele próprio quase todos os dias", afirma Di Bello. "E descobrimos que uma das filhas de Lady Filmer era conhecida na família como 'Queenie' [algo como 'Pequena Rainha', em português], devido aos rumores de que ela fosse, na verdade, filha do Príncipe de Gales..."
O conhecimento dessa fofoca infame altera inevitavelmente o significado da ilustração. Subitamente, fica óbvio que Lady Filmer está olhando para o príncipe, enquanto seu marido permanece alheio à situação.
Mas a imagem não é suficientemente explícita para causar qualquer problema. "Se eu fosse um mero conhecido, teria apenas a impressão de que o Príncipe de Gales é parte do seu círculo [social]", afirma Di Bello. "Mas, se eu fosse mais próximo, a fofoca me daria mais prazer - ou até ciúme - da ostentação da sua ligação."
Colagens como Picles Diversos (cerca de 1864) poderiam indicar duplo sentido
Colagens como Picles Diversos (cerca de 1864) poderiam indicar duplo sentido. (Crédito: Paul J. Getty Museum)
Di Bello também indica as implicações de uma fotocolagem de um pote de picles cheio de pessoas. Podemos não conhecer as relações exatas entre elas, mas Di Bello sugere que o rótulo do frasco - Picles Diversos - e a forma como homens e mulheres estão misturados significam que "essas pessoas se transformaram em conservas!"
O flerte era importante
O grau de habilidade em flertes parece ter sido algo admirado na era vitoriana, segundo Di Bello descobriu em suas pesquisas em livros de etiqueta, livros de jogos de salão e na ficção vitoriana.
"Um pouco de flerte era parte do lado engraçado das ocasiões sociais, mas não se esperava que fosse além disso. Sempre se pretendia [ter] um limite muito claro. Mas, em alguns círculos, talvez se entendesse que esses limites poderiam ser rompidos... Por isso, a ideia de fazer o convidado adivinhar se as cenas [ilustradas nas fotocolagens] estão ou não realmente acontecendo era parte da diversão!", explica Di Bello.
As fotocolagens podem ter fornecido uma forma de flerte razoavelmente segura para as mulheres. É uma arte lenta e trabalhosa e não pode haver nenhum equívoco de linguagem, nem momentos de indiscrição acidentais. As mulheres - que sempre pagam o preço de ir longe demais em um flerte - tinham um grau de controle e atuação para acrescentar apenas o toque certo de intriga às suas colagens.
Em imagens como "Quais são os Trunfos?" (autor desconhecido, 1898), os cartões de visita são redispostos de forma curiosa
Mas algumas colagens podem ser surpreendentemente explícitas. Outra ilustração de Lady Filmer mostra uma cena de caça à raposa. Ela é a raposa e todos os cães da matilha que a persegue têm cabeças de homens. Seu marido caminha a pé, em vez de cavalgar, tentando desesperadamente controlar os cães...
"Parece quase abertamente feminista", afirma Di Bello. "De um lado, ela está se exibindo para que os homens venham persegui-la. Mas, se eles a alcançarem, ela será devorada. É divertido, mas depois você percebe: 'meu Deus, na verdade isso é muito preocupante'. Ela é inteligente, mas está correndo alto risco."
E quanto aos homens?
Os homens também faziam fotocolagens. Mas aparentemente seus álbuns eram mais dedicados a documentar suas ações ou interesses e não apenas o ambiente social.
"Os álbuns dos homens referiam-se à sua identidade pública: os locais que eles visitaram, as viagens que eles fizeram, as pontes onde trabalharam - esse tipo de coisas", afirma Di Bello. O álbum do investidor Sir Edward Blount, por exemplo, inclui cartões de visita que mostram homens em trajes militares ou comerciais, ou fotografias panorâmicas mostrando portos coloniais e passatempos masculinos, como corridas de cavalos e tiro. Isso indica que o álbum era uma forma de fazer sua autopromoção, para impressionar potenciais clientes entretidos em casa.
Colagens como esta de Sir Edward Charles Blount usavam formatos geométricos modernos
Marta Weiss acrescenta que as fotocolagens também precisam ser observadas dentro do contexto de tendências culturais mais amplas. Algumas das colagens mais bonitas ilustram contos de fadas populares ou são inspiradas nas ilustrações fantásticas de John Tenniel no livro Alice no País das Maravilhas.
Mas Tenniel também trabalhou como caricaturista para a revista satírica Punch e existe certa identidade entre caricaturas e fotocolagem, especialmente nos álbuns dos homens. "Vi exemplos de obras divertidas de fotocolagem feitas no contexto de um clube social totalmente masculino - cabeças colocadas sobre corpos pintados em forma de caricatura", afirma Weiss.
À primeira vista, as fotografias e cenas pintadas com aquarela da era vitoriana podem parecer claramente pitorescas para os olhos modernos. Mas, olhando mais de perto, suas composições atrevidas e seu humor dissimulado podem ajudar a romper com nossas noções extremamente restritas da alta sociedade vitoriana.
Embora possa não haver o fervor revolucionário nem a subversão dos artistas de vanguarda do século 20, esses criadores vitorianos estavam usando a última tecnologia do seu tempo e brincando com ela de formas novas e totalmente criativas para flertar, exibir-se, fortalecer laços sociais e também para agradar, divertir e talvez até chocar ou inquietar as pessoas. De certa forma, essa arte feita para exibição na sala de visitas realmente foi inovadora.
Fonte: BBC News Brasil
Os homens também faziam fotocolagens. Mas aparentemente seus álbuns eram mais dedicados a documentar suas ações ou interesses e não apenas o ambiente social.
"Os álbuns dos homens referiam-se à sua identidade pública: os locais que eles visitaram, as viagens que eles fizeram, as pontes onde trabalharam - esse tipo de coisas", afirma Di Bello. O álbum do investidor Sir Edward Blount, por exemplo, inclui cartões de visita que mostram homens em trajes militares ou comerciais, ou fotografias panorâmicas mostrando portos coloniais e passatempos masculinos, como corridas de cavalos e tiro. Isso indica que o álbum era uma forma de fazer sua autopromoção, para impressionar potenciais clientes entretidos em casa.
Colagens como esta de Sir Edward Charles Blount usavam formatos geométricos modernos
Marta Weiss acrescenta que as fotocolagens também precisam ser observadas dentro do contexto de tendências culturais mais amplas. Algumas das colagens mais bonitas ilustram contos de fadas populares ou são inspiradas nas ilustrações fantásticas de John Tenniel no livro Alice no País das Maravilhas.
Mas Tenniel também trabalhou como caricaturista para a revista satírica Punch e existe certa identidade entre caricaturas e fotocolagem, especialmente nos álbuns dos homens. "Vi exemplos de obras divertidas de fotocolagem feitas no contexto de um clube social totalmente masculino - cabeças colocadas sobre corpos pintados em forma de caricatura", afirma Weiss.
À primeira vista, as fotografias e cenas pintadas com aquarela da era vitoriana podem parecer claramente pitorescas para os olhos modernos. Mas, olhando mais de perto, suas composições atrevidas e seu humor dissimulado podem ajudar a romper com nossas noções extremamente restritas da alta sociedade vitoriana.
Embora possa não haver o fervor revolucionário nem a subversão dos artistas de vanguarda do século 20, esses criadores vitorianos estavam usando a última tecnologia do seu tempo e brincando com ela de formas novas e totalmente criativas para flertar, exibir-se, fortalecer laços sociais e também para agradar, divertir e talvez até chocar ou inquietar as pessoas. De certa forma, essa arte feita para exibição na sala de visitas realmente foi inovadora.
Fonte: BBC News Brasil
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