Obras na Estrada de Ferro Madeira Mamoré entram em fase de finalização — Foto: Santo Antônio Energia
As obras no complexo Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) entraram em fase de finalização neste mês de fevereiro , após um novo convênio ser assinado entre prefeitura de Porto Velho e Usina Santo Antônio Energia (SAE). A reforma já dura 4 anos.
Segundo a prefeitura capital, um edital para selecionar a empresa que ganhará a concessão e administração da EFMM está em tramitação. A inauguração do complexo deve acontecer depois da divulgação do edital e da escolha da empresa vencedora, ainda neste ano.
O processo de revitalização da EFMM é responsabilidade da prefeitura desde 2018, mas acontece como parte da compensação social da Usina Santo Antônio Energia. A companhia havia entregado parte da obra concluída à administração municipal em 2020, em que foi investido mais de R$ 23 milhões. Porém, como não havia sido finalizado, o complexo continuou fechado para visitação.
Estrada de Ferro Madeira-Mamoré ficou aberta para visitação durante 1 mês no período natalino de 2021
Estrada de Ferro Madeira-Mamoré — Foto: Divulgação
Segundo a SAE, o novo convênio assinado entre a prefeitura e a empresa garante a continuidade da revitalização em 4 meses. Entre os serviços previstos estão:
Reforma do deck com vista para o rio;
Pavimentação da área externa no entorno dos galpões 1, 2 e 3;
Instalação de mobiliário;
Paisagismo; e
Instalações elétricas no acesso que interliga o complexo ao porto do Cai N´Água.
Nos próximos meses também serão iniciados os investimentos da SAE nas obras que transformarão os galpões 1 e 2 em museus. Esses dois espaços devem conter a história da construção da ferrovia através de exposições permanentes e temporárias e atividades educativas.
As obras do novo convênio iniciaram na quinta-feira (10) e representam um investimento adicional da empresa de aproximadamente R$ 2 milhões.
Conforme a companhia, a usina passa por complicações financeiras devido aos impactos da crise hídrica, mas "não poderia deixar de contribuir, já que sabem a importância histórica e cultural desse local".
Antes de fechar, praça EFMM recebia cerca de 5 mil pessoas por fim de semana
Estrada de Ferro Madeira Mamoré em 2013. — Foto: Taísa Arruda/G1
Linha do tempo
Em 2017, o Tribunal Regional da 1ª Região determinou que a Hidrelétrica Santo Antônio elaborasse um projeto para recuperação e preservação do patrimônio histórico da EFMM no prazo de 60 dias, sob risco de suspender a licença ambiental da usina.
Em 2018, a responsabilidade pelas obras do complexo, que até então era do Governo Federal, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi repassada para a prefeitura de Porto Velho, em uma cessão de 50 anos.
Para iniciar as obras, a praça foi fechada em 2019 pela prefeitura e foram parcialmente concluídas em dezembro de 2020. Na época, a expectativa era do complexo ser aberto à população em 120 dias, o que não ocorreu.
Em dezembro de 2021, após 3 anos fechado, o complexo foi finalmente aberto ao público por 1 mês, durante o período natalino. Em 6 de janeiro de 2022, a praça foi novamente fechada para conclusão das obras, que têm o prazo de conclusão em 4 meses.
110 anos de história
A Estrada de Ferro Madeira Mamoré foi inaugurada pela primeira vez em 1° de agosto de 1912 e completa 110 anos este ano.
A construção da ferrovia fazia parte do tratado de Petrópolis selado com a Bolívia, em 1903, após a compra de território boliviano pelo Brasil, com o intuito de facilitar o transporte da borracha para o Oceano Atlântico. O 'combinado' no tratado era construir a ferrovia Madeira Mamoré em um prazo de quatro anos.
Borracha, ferro, suor e sangue: Conheça a História de como Porto Velho começou
Pátio da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em 1910 — Foto: Luiz Brito/Divulgação
Após ser inaugurada, a EFMM deu lucro durante dois anos. Depois entrou em declínio devido à queda vertiginosa da participação brasileira no mercado da borracha. Isso porque a concorrência asiática oferecia um produto de qualidade e de mais fácil extração, afetando assim a exportação brasileira.
Com 54 anos acumulando prejuízos, o ex-presidente do Brasil Humberto de Alencar Castelo Branco determinou a erradicação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré sendo substituída por uma rodovia.
Em 1972, a Ferrovia foi totalmente assumida pelo governo federal e desativada. Já em 2007, o monumento foi parcialmente tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan).
Fonte: G1 RO
Texto: Beatriz Galvão
0 Comentários