OPORTUNIDADE - Ciberataques expõem falta de mão de obra tecnológica em Portugal e leva empresa a recrutar no Brasil

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OPORTUNIDADE - Ciberataques expõem falta de mão de obra tecnológica em Portugal e leva empresa a recrutar no Brasil


PORTO VELHO, RO - Ataques consecutivos de hackers em Portugal expuseram um problema que vai além das brechas nos sistemas de grandes empresas: falta mão de obra no país para trabalhar em cibersegurança e aumentar as fileiras do combate às invasões digitais.

Gerente de TI na multinacional de recrutamento Michael Page, Sofia Santos disse ao Portugal Giro que o país precisaria, no mínimo, de mais de mil profissionais apenas na região Norte. Mão de obra, para empresas públicas e privadas, que Portugal não tem.

— Faço uma previsão, apenas de Coimbra para cima, da necessidade de mil profissionais de cibersegurança. Lidamos com clientes da área privada, mas imagino que o governo também precise, porque a escassez é geral — disse Santos.

A gerente contou que há vagas sobrando na área e iniciou processo de recrutamento com brasileiros. O país tem sido um mercado para captação talento especializado em TI:

— Tenho entrevistado pessoas do Brasil, principalmente de Rio e São Paulo, com conhecimentos interessantes, que podem se enquadrar em projetos de segurança ofensiva.

A segurança ofensiva é uma tendência crescente nas empresas, que recrutam hackers éticos para testar a proteção dos sistemas. Na Michael Page, Santos contou que há uma vaga com este perfil.

— Os impactos são diferentes. Os sistemas bancários e do mercado financeiro estão protegidos, mas as outras áreas, nem tanto. Felizmente, as universidades mais importantes de Portugal começam a dar mais espaço para estes cursos, mas os profissionais no mercado ainda são poucos — contou Santos.

Professor do Departamento de Engenharia Informática do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, Pedro Adão diz que o problema da falta de mão de obra digital desconhece fronteiras.

— Falta no mundo inteiro. Existem diversos relatórios que apontam uma lacuna de ordem mundial. Até no Brasil. As empresas portuguesas podem buscar profissionais brasileiros, mas isso não significa que existem em abundância no Brasil — explicou Adão.

Portugal está sob ciberataque desde o início deste ano. O primeiro alvo foi o grupo Imprensa, controlador do jornal Expresso e da emissora de tv SIC, que tiveram seus sites derrubados no princípio de janeiro.

Os criminosos seriam os mesmos responsáveis pela invasão ao site do Ministério da Saúde brasileiro.

Na sequência, no final de janeiro, o site do Parlamento foi atacado e ficou fora do ar, assim como sites jornalísticos da Cofina, outro grupo de comunicação.

Em fevereiro, foi a vez da companhia telefônica Vodafone. Logo depois, os laboratórios de análises clínicas Germano de Sousa, responsáveis por grande parte dos testes realizados em Portugal para detectar a Covid-19, foram atacados.

A ação dos criminosos contra estas duas empresas afetou milhares de clientes e pacientes. Até ontem, o laboratório ainda se recuperava do ataque.

Fonte: O Globo

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