Pessoas com as concentrações mais baixas têm mais do que o dobro de probabilidade de doença cardíaca do que aqueles com níveis normais da substância
Porto Velho, RO — Um estudo feito por pesquisadores da Universidade da South Australia, na Austrália, concluiu que a deficiência nos níveis de vitamina D pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares. No trabalho, foram analisados dados de 267.980 indivíduos. O estudo foi publicado na revista científica Europen Heart Journal.
Este estudo usou uma nova abordagem genética que permitiu à equipe avaliar como os níveis crescentes de vitamina D podem afetar o risco de doença cardiovascular, com base no nível real da substância nos participantes.
Os pesquisadores descobriram que o risco de doenças cardíacas naqueles com os níveis mais baixos de vitamina D era mais que o dobro do observado em pessoas com concentrações normais da substância.
— Nossos resultados são empolgantes, pois sugerem que se podemos aumentar os níveis de vitamina D dentro das normas, também devemos afetar as taxas de doença cardiovascular — diz em comunicado Elina Hyppönen, professora da Universidade de South Australia e principal autora do estudo.
Para Ludhmila Hajjar, cardiologista e intensivista da Rede D’Or e do Hospital das Clínicas, em São Paulo, é incontestável que baixos níveis de vitamina D aumentam o risco de doenças coronárias, hipertensão e resistência à insulina.
— Entre as explicações está do fato desse composto ter ação antiinflamatória. Dessa forma, tem papel essencial na manutenção do tônus vascular, por exemplo. Assim como as estatinas, ela tem efeito protetor. Não existe ainda estudo consolidado, portanto, mostrando que a reposição da vitamina D reduz o risco dessas doenças — diz a cardiologista.
Exames laboratoriais também mostram que a vitamina D é capaz de modular a inflamação, proliferação e diferenciação celular, atributos que poderiam diminuir substancialmente a formação das placas arterioscleróticas, incluindo coronárias, beficiando a saúde cardiovascular. No entanto, o doutor em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Antonio Carlos do Nascimento, ressalta que os resultados dos inúmeros estudos que investigam a relação entre os níveis de vitamina D e as doenças cardiovasculares são conflitantes.
Doenças autoimunes
Um estudo feito pela Universidade Harvard, nos EUA, revelou outro possível benefício da vitamina D: a prevenção de doenças autoimunes, como artrite reumatoide, psoríase, doenças da tireoide e polimialgia reumática em pessoas a partir de 50 anos de idade.
De acordo com o trabalho, aqueles que tomaram 2.000 ui (unidades internacionais) de vitamina D diariamente por pelo menos dois anos, tiveram um risco 39% menor de desenvolverem um dos problemas acima.
Os pesquisadores também avaliram o potencial preventivo da ingestão de 1.000 miligramas diários de ômega-3 no desenvolvimento de distúrbios autoimunes. Entretanto, essa associação não foi estatisticamente significativa. Por outro lado, a associação entre vitamina D e ômega-3, diminuiu a probabilidade de doença autoimune em cerca de 30%, em comparação com o placebo.
O efeito protetivo pode estar associado à capacidade aos efeitos anti-inflamatórios e na imunidade atribuído a essas duas substâncias.
Combate a infecções
Esse efeito anti-inflamatório e modulador da imunidade da vitamina D também a torna uma aliada no combate a infecções, incluindo bactérias, fungos e até mesmo o novo coronavírus. Pesquisas mostram que pessoas com níveis mais baixos de vitamina D são mais propensas a pegar resfriados comuns e outras infecções respiratórias, incluindo a Covid-19. Outros trabalhos sugerem que a suplementação de vitamina D ajuda a reduzir a gravidade e a duração dos resfriados comuns.
O papel da vitamina na prevenção e no tratamento da Covid-19 ainda é turvo, com estudos contraditórios. De qualquer forma, já está constatado que manter a vitamina D dentro do nível adequado é fundamental para o bom funcionamento do organismo, especialmente para a saúde dos ossos. Por outro lado, isso não é um passe livre para a suplementação de vitamina D por conta própria. Altos níveis da substância podem ser tóxicos e trazer problemas para o organismo.
Excesso faz mal
A principal fonte da vitamina é a exposição solar. Por isso, a melhor forma de evitar sua deficiência é se expor ao sol regularmente. A deficiência pode estar presente em pessoas que vivem em instituições residenciais que podem ter exposição limitada ao sol. Baixas concentrações de vitamina D são comuns em muitas partes do mundo, como Austrália, EUA e Canadá.
Quando a luz solar atinge sua pele, ela converte o colesterol em vitamina D, que ajuda a construir ossos fortes e desempenha um papel benéfico no sistema imunológico. Não é preciso – nem recomendado – ficar o dia todo deitado no sol para obter esses benefícios. Cerca de 15 minutos por dia são suficientes.
Alguns alimentos, como peixes oleosos e ovos, também podem ajudar a manter os níveis de vitamina D em dia, mas a quantidade obtida por essas fontes é bem menor. Se houver deficiência constata clinicamente, é possível recorrer à suplementação. Mas isso só deve ser feito sob prescrição médica.
Não há dados que mostrem quantos brasileiros estão com quantidades insuficientes do hormônio em seu corpo, no entanto é cada vez mais comum que médicos incluam no exame de sangue o pedido de análise de vitamina D. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), para a população em geral, níveis de vitamina D acima de 20 nanogramas por mililitro [ng/mL] são considerados ideais. Pessoas com mais de 65 anos, gestantes ou quem sofre com osteopenia, por exemplo, deveriam se manter acima de 30 ng/mL. Já abaixo de 10 ng/mL, é considerado deficiência.
Também é cada dia mais comum o consumo de suplementos da vitamina. O número aumentou especialmente durante a pandemia, mas nem sempre há recomendação médica para isso. Em 2019, 2,6% da população brasileira consumia vitamina D. Em 2020, esse número passou para 4,8%. Em números absolutos, mais de 4,6 milhões de pessoas passaram a fazer a suplementação, segundo dados da indústria farmacêutica.
— Apesar de seus benefícios para a saúde, o consumo de vitamina D em excesso pode trazer riscos. Por ser uma vitamina lipossolúvel, a vitamina D fica armazenada no organismo, o que aumenta as chances de toxicidade — alerta o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, presidente do Instituto de Metabolismo e Nutrição (IMeN).
Esse efeito anti-inflamatório e modulador da imunidade da vitamina D também a torna uma aliada no combate a infecções, incluindo bactérias, fungos e até mesmo o novo coronavírus. Pesquisas mostram que pessoas com níveis mais baixos de vitamina D são mais propensas a pegar resfriados comuns e outras infecções respiratórias, incluindo a Covid-19. Outros trabalhos sugerem que a suplementação de vitamina D ajuda a reduzir a gravidade e a duração dos resfriados comuns.
O papel da vitamina na prevenção e no tratamento da Covid-19 ainda é turvo, com estudos contraditórios. De qualquer forma, já está constatado que manter a vitamina D dentro do nível adequado é fundamental para o bom funcionamento do organismo, especialmente para a saúde dos ossos. Por outro lado, isso não é um passe livre para a suplementação de vitamina D por conta própria. Altos níveis da substância podem ser tóxicos e trazer problemas para o organismo.
Excesso faz mal
A principal fonte da vitamina é a exposição solar. Por isso, a melhor forma de evitar sua deficiência é se expor ao sol regularmente. A deficiência pode estar presente em pessoas que vivem em instituições residenciais que podem ter exposição limitada ao sol. Baixas concentrações de vitamina D são comuns em muitas partes do mundo, como Austrália, EUA e Canadá.
Quando a luz solar atinge sua pele, ela converte o colesterol em vitamina D, que ajuda a construir ossos fortes e desempenha um papel benéfico no sistema imunológico. Não é preciso – nem recomendado – ficar o dia todo deitado no sol para obter esses benefícios. Cerca de 15 minutos por dia são suficientes.
Alguns alimentos, como peixes oleosos e ovos, também podem ajudar a manter os níveis de vitamina D em dia, mas a quantidade obtida por essas fontes é bem menor. Se houver deficiência constata clinicamente, é possível recorrer à suplementação. Mas isso só deve ser feito sob prescrição médica.
Não há dados que mostrem quantos brasileiros estão com quantidades insuficientes do hormônio em seu corpo, no entanto é cada vez mais comum que médicos incluam no exame de sangue o pedido de análise de vitamina D. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), para a população em geral, níveis de vitamina D acima de 20 nanogramas por mililitro [ng/mL] são considerados ideais. Pessoas com mais de 65 anos, gestantes ou quem sofre com osteopenia, por exemplo, deveriam se manter acima de 30 ng/mL. Já abaixo de 10 ng/mL, é considerado deficiência.
Também é cada dia mais comum o consumo de suplementos da vitamina. O número aumentou especialmente durante a pandemia, mas nem sempre há recomendação médica para isso. Em 2019, 2,6% da população brasileira consumia vitamina D. Em 2020, esse número passou para 4,8%. Em números absolutos, mais de 4,6 milhões de pessoas passaram a fazer a suplementação, segundo dados da indústria farmacêutica.
— Apesar de seus benefícios para a saúde, o consumo de vitamina D em excesso pode trazer riscos. Por ser uma vitamina lipossolúvel, a vitamina D fica armazenada no organismo, o que aumenta as chances de toxicidade — alerta o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, presidente do Instituto de Metabolismo e Nutrição (IMeN).
Fonte: O Globo
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