Uma cena inusitada foi registrada no Aeroporto Internacional de Recife. Uma mulher, que não foi identificada, tentou despachar um botijão de gãs em um voo da Gol, com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, na madrugada de quarta-feira (23).
O vídeo de um funcionário interceptando a bagagem com o botijão viralizou nas redes sociais. Nas imagens, ele abre o pacote, retira o objeto e coloca na esteira.
"Só estou mostrando que isso não pode ser despachado. Isso é praticamente uma bomba. A senhora derruba um avião com um negócio desse", disse o funcionário.
A mulher chega a questionar se a botija poderia ser levada vazia, mas o homem explica que não pode embarcar no avião com o objeto, seja vazio ou cheio.
Por nota, a Gol confirmou que o fato ocorreu no voo 1611 e explicou que o colaborador da companhia realizou o procedimento de segurança, identificando que a bagagem possuía item perigoso e comunicando a passageira dos riscos.
"Todo o procedimento ocorreu de forma tranquila e a cliente embarcou normalmente", informou a Gol.
"A companhia reforça que as regras de bagagem estão disponíveis para consulta e informação desde o momento da compra até o embarque, seja pelo site da companhia e demais canais de atendimento - físicos e online, ou mesmo pelos totens e equipe dos aeroportos", finaliza a nota.
O gás liquefeito de petróleo (GLP), que fica dentro do botijão, é altamente inflamável, ou seja, pode pegar fogo facilmente, explicou o professor de química do Projeto Educação, Gilton Lyra.
“Em um avião, mesmo sendo um ambiente pressurizado, a pressão em altitudes é mais baixa e não fica igual à pressão no solo. E essas variações de pressão são perigosas para vazamentos ou explosões físicas”, afirmou o professor de química.
No vídeo, que circula nas redes sociais, a passageira afirma que o bujão está vazio. “Em cidades como o Recife, que estão ao nível do mar, a pressão é de uma atmosfera. Então, achar que o botijão acabou significa que dentro dele ainda tem uma atmosfera de pressão de gases ali dentro. A gente acha que acabou, mas não acabou. Só igualou a pressão de fora”, disse o professor de química.
“Quando a gente acha que acabou, ainda tem muito conteúdo gasoso ali dentro”, alertou Lyra.
Pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) e professor de física, Mário Monteiro explicou que, além disso, o botijão é projetado para determinada pressão e temperatura.
“O botijão de gás foi projetado, falando de engenharia, para aguentar uma pressão de dentro para a fora bastante alta, bem maior que a pressão de fora. No entanto, não se sabe como esse botijão em termos de infraestrutura ia se comportar a uma pressão tão baixa”, disse Monteiro.
O professor de física afirmou que uma forma de entender como a pressão pode afetar vasilhames é observar o que acontece com um garrafa pet, fechada com gás atmosférico dentro. "Muito provavelmente, se você estiver lá em cima e o avião tiver uma despressurização, além das pessoas e das bagagens serem jogadas para fora, essa garrafa fictícia de gás que você está levando tende a explodir", declarou Monteiro.
Fonte: G1
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