O jazigo de Álvaro Vilhena: redescoberto depois de mais de um século. Foto: Júlio Olivar/Acervo pessoal
O engenheiro Álvaro de Melo Coutinho de Vilhena foi diretor-geral do Telégrafo Nacional, à época uma das instituições de maior prestígio no Brasil; no início do século 19, ele chegou a representar o país em conferências internacionais que discutiam o revolucionário meio de comunicação da época. Vítima de câncer, Vilhena morreu em 1904.
Foi sepultado no Cemitério de São João Batista, bairro do Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. O logradouro é conhecido como “o cemitério das celebridades”, pois nele estão sepultados cerca de dez presidentes da República, os mais importantes artistas — de Carmem Miranda a Cazuza —, os escritores Machado de Assis, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade; celebridades como Santos Dumont e o estudante Edson Luís Souto, morto durante a Ditadura Militar e que inspirou a música “Coração de Estudante” (Milton Nascimento), detentores de títulos nobiliárquicos e oficiais das forças armadas.
Vínculos com Rondônia Entre tantos personagens de renome, lá está Vilhena. Curiosamente, ele repousa no mesmo cemitério que os nomes mais emblemáticos da história de Rondônia: Marechal Rondon — o patrono do Estado —, Aluísio Ferreira — o primeiro governador e fundador do Território Federal do Guaporé —, e Jorge Teixeira — o governador da transição de Rondônia de território para estado. Um monumento escondido Durante 118 anos, o jazigo de Vilhena esteve perdido entre mausoléus riquíssimos e suntuosos; alguns, verdadeiras obras de arte. Até que no domingo passado, 1º de maio, assumi a incumbência de localizá-lo.
Foi difícil, pois não havia nenhum registro no cemitério dando conta da localização. Eu possuía apenas um velho recorte de jornal com a imagem desbotada do túmulo. E fui procurando sob o sol escaldante do Rio, até achá-lo protegido por um pé de jambo. Apesar do tempo passado, a construção está intacta, com cerca de três metros de altura, ornamentada pela efígie em bronze de Vilhena, então um rosto desconhecido até pelos vilhenenses e ausente dos livros de história.
Foi uma descoberta! Literalmente, posto que a imagem estava escondida pela vegetação. Homenagem feita por Rondon Quando Rondon e sua expedição passaram pelo Planalto dos Parecis, ampliando as linhas telegráficas, onde hoje está a cidade de Vilhena, o engenheiro Álvaro Vilhena havia falecido cerca de cinco anos antes. Amigos, colegas de trabalho, chefe e subalterno e ambos interessados em astronomia e matemática, seus nomes — Rondon e Vilhena — se vincularam para sempre através da história quando o militar decidiu batizar o posto telegráfico com o nome do distinto nordestino.
Dali surgiu a cidade-xará de Vilhena que agora é uma das mais prósperas do Norte. Prestes a completar 45 anos de emancipação político-administrativa em novembro, a cidade de Vilhena descobre o Vilhena que lhe empresta o nome, sem nunca tê-la pisado. É que as relações transcendem o tangível, a vida, a morte. Têm alma e porquês.
Foi sepultado no Cemitério de São João Batista, bairro do Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. O logradouro é conhecido como “o cemitério das celebridades”, pois nele estão sepultados cerca de dez presidentes da República, os mais importantes artistas — de Carmem Miranda a Cazuza —, os escritores Machado de Assis, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade; celebridades como Santos Dumont e o estudante Edson Luís Souto, morto durante a Ditadura Militar e que inspirou a música “Coração de Estudante” (Milton Nascimento), detentores de títulos nobiliárquicos e oficiais das forças armadas.
Vínculos com Rondônia Entre tantos personagens de renome, lá está Vilhena. Curiosamente, ele repousa no mesmo cemitério que os nomes mais emblemáticos da história de Rondônia: Marechal Rondon — o patrono do Estado —, Aluísio Ferreira — o primeiro governador e fundador do Território Federal do Guaporé —, e Jorge Teixeira — o governador da transição de Rondônia de território para estado. Um monumento escondido Durante 118 anos, o jazigo de Vilhena esteve perdido entre mausoléus riquíssimos e suntuosos; alguns, verdadeiras obras de arte. Até que no domingo passado, 1º de maio, assumi a incumbência de localizá-lo.
Foi difícil, pois não havia nenhum registro no cemitério dando conta da localização. Eu possuía apenas um velho recorte de jornal com a imagem desbotada do túmulo. E fui procurando sob o sol escaldante do Rio, até achá-lo protegido por um pé de jambo. Apesar do tempo passado, a construção está intacta, com cerca de três metros de altura, ornamentada pela efígie em bronze de Vilhena, então um rosto desconhecido até pelos vilhenenses e ausente dos livros de história.
Foi uma descoberta! Literalmente, posto que a imagem estava escondida pela vegetação. Homenagem feita por Rondon Quando Rondon e sua expedição passaram pelo Planalto dos Parecis, ampliando as linhas telegráficas, onde hoje está a cidade de Vilhena, o engenheiro Álvaro Vilhena havia falecido cerca de cinco anos antes. Amigos, colegas de trabalho, chefe e subalterno e ambos interessados em astronomia e matemática, seus nomes — Rondon e Vilhena — se vincularam para sempre através da história quando o militar decidiu batizar o posto telegráfico com o nome do distinto nordestino.
Dali surgiu a cidade-xará de Vilhena que agora é uma das mais prósperas do Norte. Prestes a completar 45 anos de emancipação político-administrativa em novembro, a cidade de Vilhena descobre o Vilhena que lhe empresta o nome, sem nunca tê-la pisado. É que as relações transcendem o tangível, a vida, a morte. Têm alma e porquês.
Por Júlio Olivar
Fonte: Extra de Rondonia
0 Comentários