De acordo com resposta à Justiça apresentada pela Americanas e obtida por OAntagonista, Miguel Gutierrez discutia com diretores método de fraude e como encobrir a falcatrua. Foto: Gustavo Lacerda/Divulgação
Porto Velho, RO - Em três oportunidades, pelo menos, um grupo de diretores da varejista foram questionados especificamente sobre as operações de risco sacado (também conhecidas como forfait) e negaram a existência de quaisquer procedimentos nesse sentido. É isso que argumenta a defesa da empresa à Justiça de São Paulo.
A companhia reitera ter sido vítima da fraude e o desconhecimento do Conselho de Administração sobre as operações que resultaram em um rombo de R$ 20 bilhões nos balanços da varejista. De acordo com o documento, o Comitê de Auditoria (órgão que assessora o Conselho de Administração) interpelou a Diretoria sobre o assunto e, sempre, recebeu uma negativa como resposta: “Não utilizamos“; “Não temos este tipo de transação na Companhia“; e “Continuamos sem nenhuma transação de forfait/convênio junto aos fornecedores“.
A Americanas apresenta cópias de conversas de whatsapp e emails da ex-Diretoria para demonstrar o conhecimento dos envolvidos sobre as operações, inclusive o de Gutierrez, e a discussão sobre estratégias para ocultar a fraude. Em uma das trocas de mensagens, por exemplo, um ex-diretor envia pergunta da conselheira Vanessa Lopes sobre a situação da empresa quanto ao risco sacado para avaliação do grupo. “Nos trimestres anteriores ela também perguntou e respondemos que não temos. Continuamos na mesma linha“, indaga. “Por mim, ok” e “sim”, respondem outros dois diretores.
A defesa da varejista tem buscado demonstrar que Miguel Gutierrez atuou como líder de um grupo intencionado a fraudar os resultados da empresa por benefícios financeiros. Segundo a defesa, o ex-CEO “e seus comandados drenaram ilicitamente centenas de milhões de reais da Companhia, fraudando seu resultado e com isso recebendo bônus e dividendos“.
No texto de 39 páginas apresentado à Justiça, a Americanas também acusa o banco Bradesco e Gutierrez de conluio para atacar a empresa e tentar buscar criminalizar o Conselho de Administração.
A disputa de narrativas, no entanto, devem se estender por muito tempo ainda. Em depoimento recente à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e à Polícia Federal, o ex-CEO Miguel Gutierrez coloca mais lenha na fervura. O ex-diretora acusa Carlos Alberto Sicupira (um dos três acionistas de referência da varejista ao lado de Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles) de ter conhecimento da fraude e a atual gestão da empresa de tentar blindar o trio de bilionários.
Fonte: O Antagonistas
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