Em entrevista ao Estadão, publicada nesta segunda-feira, 27, o parlamentar disse que o governo federal tem um protagonismo na formatação da agenda econômica pela necessidade de liberar recursos, mas age como se fosse oposição para “ficar bem” com a opinião pública.
“Agora mesmo estamos num dilema muito grande com essa votação do Mover, que é um programa importante para a indústria automobilística. Mas, desde o momento em que se discutiu a possibilidade da taxação dos produtos importados de até 50 dólares, você está paralisando uma decisão em função de outra. Só que não pode o governo querer ser governo e querer ser oposição. O governo quer usufruir da receita e, ao mesmo tempo, dizer que é contra a taxação”, afirmou.
Sobra para Haddad
“Aí vem a orientação da liderança do governo para votar contra porque quer ficar bem com a opinião pública. O governo não pode ser o beneficiário disso e algoz do plenário. Se não quer que o Parlamento faça bomba fiscal, não pode ele próprio criar essa bomba. E justiça seja feita: eu vejo no ministro Haddad espírito público, mas ele não pode ficar com a bola nas costas”, acrescentou o relator da LDO.
“Quando o próprio presidente diz que vai vetar se o Congresso aprovar uma matéria dessas, quem cuida da arrecadação e trabalha para ter equilíbrio fiscal está sendo, no mínimo, maltratado. No mínimo, para ser educado. O governo Lula está jogando bola nas costas do Haddad. E vai expor o plenário numa votação dessas? A votação foi adiada para esta semana. Por que a gente vai votar uma matéria dessas? Só se o governo assumisse sua responsabilidade. Ninguém pode ser prejudicado em função de uma manobra eleitoreira”, completou.
Ministros batem-cabeça
Sem dar nomes, Danilo Forte disse ao jornal que há “muita gente dentro do governo pensando em suceder o Lula”.
“E cada um faz a sua agenda própria. Isso desmantela e enfraquece a ação do Executivo. Essa falta de unidade enfraquece muito a governabilidade”, acrescentou.
Taxação de compras internacionais
Na quinta, 23, Lula afirmou que a tendência no governo é de vetar a retomada de um imposto federal sobre importações de até 50 dólares. A volta da tributação está em discussão pelo Congresso Nacional.
“Eu só me pronuncio nos autos do processo. A tendência é vetar, mas a tendência também pode ser negociar”, disse o petista.
O fim da isenção para remessas internacionais de até 50 dólares foi incluída em um projeto que está em debate na Câmara dos Deputados. Se o texto for aprovado, caberá ao presidente Lula sancionar ou vetar a medida.
Fonte: O Antagonista
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